Comunidades Eclesiais de Base

Comunidades Eclesiais de Base
CEBs - Sinal da Vitalidade da Igreja.

sábado, 27 de junho de 2009

Cebs: Missão de transformar


Sex, 08 de Maio de 2009 10:56

CEBs missão de transformar a sociedade



“Toda a Igreja precisa ser missionária, e para ser missionária precisa mexer nas estruturas. As Comunidades de Base ajudam a formar missionários para atuarem de modo transformador na sociedade”.
Sérgio Ricardo Coutinho é professor de Ciências da Religião da Universidade Católica de Brasília e trabalha principalmente com os temas: História da Igreja Católica, Concílio Vaticano II e Comunidades Eclesiais de Base - CEBs. Como assessor nacional das CEBs, Coutinho tem auxiliado na preparação da metodologia de trabalho que será utilizada no 12º Encontro Intereclesial, a realizar-se em Porto Velho, de 21 a 25 de julho.Com o tema “CEBs: Ecologia e Missão”, e o lema “Do Ventre da Terra, o Grito que vem da Amazônia”, o 12º Intereclesial espera reunir aproximadamente três mil delegados, representando mais de 80 mil comunidades espalhadas por todo o Brasil. Com o objetivo de trocar experiências e renovar seu compromisso com a Igreja, durante os dias na Região Amazônica os delegados visitarão hospitais, Casas de Detenção e conhecerão como vivem os garimpeiros e indígenas. Terão ainda a oportunidade de ouvir testemunhos como os da senadora Marina Silva, de dom Pedro Casaldáglia e de dois prêmios Nobel: Rigoberta Mechú (Guatemala) e Desmond Tutu (África do Sul).Em preparação para o Intereclesial, a coordenação da Ampliada Nacional das CEBs orientou a realização de dias de formação para os delegados de todo o Brasil. Em uma de suas assessorias, durante a formação dos delegados do Estado de São Paulo, realizada em Itatiba, nos dias 7 e 8 de março, Sérgio Coutinho concedeu entrevista à revista Missões falando sobre sua expectativa com relação ao 12º Interecleial e sobre as CEBs no Brasil.Os enviados a Porto Velho estarão em meio às discussões em torno de conflitos agrários, aldeamentos indígenas e agressão à cultura dos povos locais, devastação da floresta, agronegócio e implantação de usinas hidrelétricas e barragens. O que se espera deles, tendo em vista tamanha complexidade daquilo que irá se discutir e viver durante o encontro? Nós acreditamos que eles sejam multiplicadores de informações que estão sendo debatidas aqui, no encontro em preparação para o Intereclesial, e que tragam de Porto Velho pautas para o dia a dia em suas comunidades. Se as lideranças comunitárias, ou seja, os delegados, puderem estudar o texto base sobre o tema da Amazônia já é uma forma de se criar consciência, de que maneira podemos interferir no processo político. Como estas lideranças são capazes de gerar opinião púbica, achamos que este seja um processo em rede, que vai alcançando o maior número de pessoas, lógico que não é a totalidade, mas ajuda em muito a tomada de consciência e postura diante da questão. Encontros de preparação ajudam na formação de opinião pública. Espera-se, portanto, que os delegados multipliquem as informações e sejam formadores de opinião em suas comunidades.Por que realizar o 12° Intereclesial na Amazônia?
O Intereclesial na Amazônia vai fazer com que as comunidades sejam de fato Comunidades Ecológicas de Base, e que haja preocupação com a vida como um todo. A vida que envolve o planeta, o cosmo, a solidariedade com outros seres vivos, com a necessidade de pensar a terra como uma comunidade viva. A CNBB já fez uma Campanha da Fraternidade em 2007 sobre a Amazônia e isso sensibilizou muitos cristãos católicos a serem missionários na região.O que esperar deste encontro nacional das CEBs?
Estamos com uma expectativa muito grande, com uma metodologia muito diferente, vai ser o ver, julgar e agir, mas este Intereclesial vai privilegiar bastante o ver. Fazer com que os delegados destas comunidades possam ir lá e ver como é esta realidade, dialogar com esta realidade, obviamente vão ter que comparar com o lugar onde moram. Vão fazer esta comparação por meio do diálogo. Eu acho que o Intereclesial na Amazônia vai favorecer muito a tomada de consciência e a expectativa é que estes delegados possam voltar e fazer com que a Amazônia entre de fato na pauta nas comunidades.
As CEBs iniciaram suas atividades na década de 70, e tiveram papel fundamental na conscientização política e humana, durante a ditadura militar. Hoje percebemos que muitos setores da Igreja as veem com um certo descrédito. As CEBs são a Igreja na base, uma CEB tem quatro elementos fundamentais em sua composição: fé, celebração da fé, comunhão e missão. Quando se fala de fé, fala-se do uso da Palavra com os círculos bíblicos, com uma leitura que faz a ponte fé e vida, um olho na Bíblia e outro na vida. O segundo elemento é a celebração semanal vivida em comunidade, este é o aspecto litúrgico, geralmente celebrado por leigos, como uma igreja ministerial, não porque as CEBs não querem padres, mas sim pela falta deles. Quando não há padres, os leigos assumem seu batismo e realizam as celebrações nas comunidades. O terceiro elemento é o Conselho Pastoral Comunitário, que seria a dimensão da comunhão, onde estão as representações de todos os movimentos e grupos. O Conselho é onde as pessoas sentam, debatem e tomam as decisões necessárias para a caminhada da comunidade. Por último, o elemento missionário.
Não podemos misturar CEBs com movimentos e pastorais, estes são serviços e a Comunidade Eclesial de Base não é serviço.Documentos publicados recentemente falam da necessidade da Igreja recuperar o modelo CEBs de ser . Como recuperá-lo? É possível?
Para a Igreja recuperar isso é necessário que as paróquias vejam os quatro elementos das CEBs. Se isso acontecesse, teríamos uma Igreja seguindo Jesus de maneira central e mais forte, muito mais do que simplesmente ficar fazendo um culto a Jesus, dando valor às questões transcendentais e emocionais, perdendo de vista as questões concretas da sociedade. O mundo está pegando fogo e o pessoal está olhando só para o céu. Tem que olhar para cima e para baixo, fazer esta ponte. Há também que se mudar aquela compreensão muito reducionista, que é pensar a paróquia como matriz.
A paróquia é uma comunidade de comunidades e elas podem ou não ter uma capela, elas podem se reunir em um ginásio, num colégio, num centro comunitário. Se a gente compreender que Igreja é comunidade, então qual a menor estrutura desta Igreja? As comunidades, estas células são a inicial estrutura eclesial.O Documento de Aparecida afirma que a Igreja precisa ser missionária. Como as CEBs assumem este chamado?
A missão é vista como um compromisso sócio-transformador, que é a missão de toda a Igreja, não exclusiva das CEBs. Todos os que se consideram Igreja tem esta dimensão missionária. O Documento de Aparecida ressalta isso, e as Comunidades Eclesiais de Base ajudam a formar estes missionários para atuarem de modo transformador na sociedade.
Karla Maria, LMC, é estudante de jornalismo e colaboradora da revista Missões.
Publicado na edição Nº05 – Junho 2009 - Revista Missões. http://www.revistamissoes.org.br/

12º INTERECLESIAL


12º Intereclesial vai mostrar a caminhada e a força das CEBs



Entre os dias 21 e 25 de julho, a cidade de Porto Velho (Rondônia) sediará o 12° Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Neste ano, o encontro terá como tema: “CEBs: Ecologia e Missão” e o lema: “Do Ventre da Terra, o Grito que vem da Amazônia”.
Iniciado em 1975, os Intereclesiais mostram a caminhada das CEBs e cada edição apresenta um tema diferente, relacionado à realidade de vida do povo. De acordo com padre Luis Ceppi, membro da coordenação do 12° Intereclesial, o encontro tem a intenção de aprofundar e viver mais ainda os caminhos que Deus propôs, além de trabalhar a questão da ecologia.
Ceppi explica que a Amazônia é uma região de interesse de todos por causa das riquezas naturais que possui, entretanto, poucas pessoas atentam para as civilizações que vivem na região. “O Encontro visa a resgatar a dignidade dos seres que povoam a Amazônia”, comenta.
Além disso, o coordenador comenta que o Intereclesial quer mostrar que é possível viver em comunhão com o meio ambiente sem prejudicá-lo. Para o coordenador, indígenas, quilombolas e outros povos que vivem na região sem destruir são o sinal de uma nova civilização, que resiste ao mundo do consumo.
“É o sinal frente à maldita civilização do consumo, à maldita civilização do lucro”, desabafa, acrescentando que há outras maneiras de viver sem prejudicar o meio ambiente. “É possível viver sem ficarmos escravos desse mundo”, comenta.
As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) são comunidades cristãs formadas por pessoas de regiões próximas que se reúnem na fé para ouvir e refletir a Palavra de Deus, levando os ensinamentos para a vida cotidiana. As CEBs estruturam-se basicamente em quatro pontos: a fé, os sacramentos, a comunhão, e a missão.
Para padre Ceppi, as CEBs são uma resposta ao chamado de Jesus, tentando acompanhá-lo. Ele explica que a Palavra de Deus e a oração servem para a pessoa escutar e sentir o amor de Deus, além de mostrar que é possível viver em comunhão com o Criador.
Os outros dois pontos das CEBs, a comunhão e a missão, também são importantes, pois mostram que a união entre as pessoas e o serviço à sociedade estimulam as pessoas a serem como Jesus Cristo.
“A CEB é estímulo para viver e trabalhar para a comunidade”, comenta Ceppi. Ele explica que a missão tem uma dimensão de abertura e conscientização política, social e econômica. “O serviço não é mero assistencialismo”, ressalta.